Numa altura em que se assinala a Semana da Incontinência Urinária (5 a 11 de março), a Associação Portuguesa de Urologia avança que 1 em cada 5 portugueses com mais de 40 anos sofre desta “situação patológica que resulta da incapacidade em armazenar e controlar a saída de urina”.
As perdas de urina involuntárias podem ser leves e ocasionais, mas também abundantes e regulares e afetam 20% da população com mais de 40 anos. A incontinência é mais frequente nas mulheres (33%) do que nos homens (16%).
Ainda segundo a APU, os fatores de risco são o género, a raça, a predisposição familiar e anomalias anatómicas ou neurológicas. Na mulher, a gravidez, o parto, o pós-parto e a menopausa aumentam os riscos de desenvolver incontinência urinária; no homem, o cancro da próstata e a radioterapia são também fatores de risco.
Em ambos os sexos, a idade, o peso, a obstipação, o tabagismo, as atividades ocupacionais, medicação e infeções do trato urinário podem também contribuir para o desenvolvimento da patologia.
Em Portugal, os últimos estudos apontam para a existência de 600 mil pessoas afetadas pela incontinência urinária, nas diferentes faixas etárias. Tendo em conta o envelhecimento da população, a tendência é para um aumento deste número.
Existem seis tipos de incontinência
Um dos tipos de incontinência é a de esforço; caracteriza-se por pequenas perdas de urina no momento em que a pessoa ri, tosse, espirra, faz exercício, se curva ou pega em objetos pesados. É frequente nos homens, após tratamento do cancro da próstata, e nas mulheres entre os 45 e os 65 anos, decorrente do enfraquecimento dos músculos pélvicos.
A incontinência por urgência ocorre repentinamente, geralmente acompanhada de uma vontade muito intensa de ir à casa de banho. Apesar de ser normalmente associado ao envelhecimento, este tipo de incontinência surge também nas faixas etárias mais jovens, estando muitas vezes relacionado com doenças neurológicas.
A combinação da incontinência de esforço com a incontinência de urgência é a chamada incontinência mista; já a incontinência por extravasão acontece quando a bexiga contém grandes quantidades de urina e a pressão do líquido consegue ultrapassar a resistência da uretra; a incontinência funcional é causada pela incapacidade do doente, habitualmente por doença neurológica; por fim, e a enurese noturna caracteriza-se pela perda de urina durante o sono, frequente em crianças mas também recorrente na idade adulta.
Um problema de saúde pública com impacto social e económico
Este é já considerado um problema de saúde pública, com impacto socioeconómico. Apesar de não ser normal, a incontinência urinária é uma patologia comum – e, mesmo as perdas de urina mais pequenas têm grandes implicações na qualidade de vida dos doentes, causando problemas físicos, sociais, sexuais, emocionais e psicológicos.
Tratamentos divergem conforme o diagnóstico
Feito o diagnóstico, com início no historial clínico do paciente e definição dos sintomas, é necessária a realização de um exames, físicos e complementares. Geralmente, qualquer médico de medicina geral e familiar poderá dar início a este processo, podendo também encaminhar o doente para colegas da especialidade.
A terapêutica pode passar por medicamentos ou pela fisioterapia, bem como técnicas de reabilitação; em casos mais graves, pode ser necessária a realização de cirurgia. 90% dos casos são tratados com sucesso, pois nos últimos 10 anos houve grandes avanços nesta área.
Existem ainda técnicas para contornar a doença, que passam por alterações comportamentais: controlo da ingestão de líquidos, exclusão de alimentos diuréticos estimulantes da bexiga (tal como o álcool e a cafeína), controlo do peso e ainda programação de intervalos de tempo fixos para urinar, sempre de acordo com recomendações médicas.
Sendo o método mais comum e sem invalidar todas as outras terapêuticas, o uso de absorventes e resguardos é frequente quando a doença não está eliminada por completo. Estes produtos ajudam a aliviar o desconforto e os maus cheiros provocados pela urina, contribuindo para uma melhor qualidade de vida dos doentes.