Todos sentimos frio de vez em quando, especialmente no inverno, mas nem sempre se trata apenas de vestir mais um agasalho ou de cobrir-nos com mais uma manta. O frio pode ser uma ameaça séria e causar problemas de saúde, e essa ameaça é ainda mais significativa para a população idosa.
Os mais velhos perdem calor corporal de forma muito rápida, e as mudanças que ocorrem no nosso corpo com o envelhecimento podem dificultar a percepção da sensação de frio, levando a situações de hipotermia. Quais são os cuidados que devemos ter com os idosos no inverno para protegê-los do frio?
Cuidados para manter os idosos seguros e resguardados no inverno
Atenção aos termómetros!
Andar na rua durante os dias mais gélidos, expostos à geada ou à neve sem proteção suficiente, ou ter a temperatura de casa demasiado baixa, pode levar a episódios de hipotermia. Este termo refere-se à situação em que a temperatura corporal atinge níveis muito baixos. Para os mais velhos, uma temperatura corporal inferior a 35 graus pode resultar em complicações graves, como ataques cardíacos, danos no fígado e nos rins, entre outros.
É fundamental prestar atenção ao termómetro e garantir que os idosos sob os nossos cuidados estão devidamente agasalhados e protegidos das baixas temperaturas.
Manter a casa quente
O primeiro passo para proteger os idosos do frio é garantir que não passam a maior parte do tempo num espaço frio. A utilização de aquecedores ou de outros equipamentos de climatização, bem como lareiras ou salamandras, é uma excelente ajuda. Contudo, é muito importante desligar qualquer aparelho eletrónico ou a gás e apagar lareiras ou salamandras antes de dormir. Assim, além de se evitar curto-circuitos e potenciais incêndios, também se previnem intoxicações por monóxido de carbono.
A temperatura constante dentro de casa deve estar, no mínimo, nos 20 graus, sendo importante fechar bem as portas e tentar minimizar as correntes de ar frio que podem surgir devido a brechas nas janelas. Feche os estores e as cortinas das janelas, e feche a porta de todas as divisões que não estão a ser utilizadas. Pode utilizar sacos de areia ou toalhas enroladas junto à soleira das portas para evitar a entrada de ar frio.
Como mencionámos, a hipotermia pode surgir sem que a pessoa perceba a sensação térmica, notando apenas sintomas como tonturas, sonolência ou confusão mental. Este é um problema especialmente relevante para idosos que vivem sozinhos. Se possível, organize-se com os vizinhos, outros familiares e a comunidade mais próxima para se certificarem regularmente de que está tudo bem. O Programa Apoio 65, da GNR, também identifica idosos isolados e oferece apoio a esses cidadãos.
O que vestir e o que comer
As roupas devem ser adequadas à época do ano - ou seja, devem ser quentes, mesmo quando a pessoa idosa está dentro de casa. É também recomendado o uso de cobertores, mantas, meias e chinelos de inverno. Além disso, estes cuidados não podem ser descurados durante o sono: é muito importante utilizar calças e camisolas de pijama compridas, meias feitas de materiais quentes, como lã, e acrescentar mais cobertores ou lençóis mais quentes na cama.
A alimentação também é crucial: manter um peso saudável contribui para uma temperatura corporal estável, uma vez que a gordura ajuda a manter o corpo quente. É igualmente importante beber bastante água e evitar bebidas alcoólicas, que podem contribuir para a desidratação e para a diminuição da temperatura corporal. Este princípio deve ser mantido ao longo de todo o ano, embora a sua importância seja redobrada no inverno.
Evitar sair de casa
Sair de casa durante o inverno apresenta riscos, embora o isolamento excessivo dos idosos também não seja desejável. As pessoas mais velhas devem escolher cuidadosamente as horas e os dias com menos vento e temperaturas mais amenas para saírem à rua. Devem proteger-se com gorro, luvas, cachecol, casaco e botas quentes, e permanecer fora apenas o tempo necessário!
Eis algumas dicas para proteger os idosos nas saídas à rua:
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Utilizar roupas em camadas (como roupa térmica, incluindo meias-calças, duas ou três camisolas e calças, e um casaco) é a melhor forma de se manter quente. É possível remover algumas camadas quando se está em ambientes mais quentes.
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Proteger a cabeça e o pescoço com gorros e cachecóis é essencial para manter a temperatura corporal.
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Em caso de neve ou chuva, deve-se usar um casaco impermeável.
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Se a roupa se molhar, troque-a o mais rápido possível por peças limpas e secas.
Fatores de Risco
Algumas doenças podem impedir que o corpo mantenha uma temperatura estável. As pessoas idosas com distúrbios da tiróide, diabetes, doença de Parkinson e artrite estão especialmente vulneráveis. Problemas de memória e demências são igualmente fatores de risco, pois podem levar a que a pessoa saia à rua sem a roupa adequada. Determinados medicamentos, assim como um estilo de vida mais sedentário, também podem alterar a temperatura corporal. Um médico poderá analisar o historial médico do paciente e ajudar a tomar as medidas preventivas necessárias.
Sinais de Alerta
Por vezes, pode ser difícil identificar quando uma pessoa está a sofrer de hipotermia, pelo que é importante estar atento e reconhecer alguns sinais. Além de garantir que a casa está suficientemente quente e que a pessoa idosa está vestida de acordo com as exigências da estação mais fria do ano, esteja atento aos sintomas. Nota que o discurso está mais lento, até arrastado? Ou que a pessoa tem dificuldades em manter o equilíbrio? O próprio idoso deve estar informado destes sintomas para que possa reconhecê-los e pedir ajuda atempadamente. Contudo, como a hipotermia pode causar confusão mental, é essencial manter uma rede de apoio com amigos, familiares ou vizinhos que possam ficar atentos.
Em regra, os primeiros sintomas de hipotermia são:
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Mãos e pés frios;
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Cara inchada;
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Palidez geral;
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Tremores;
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Discurso arrastado ou mais lento do que o normal;
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Sonolência;
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Sentimento de raiva ou confusão.
Os sinais avançados incluem:
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Movimentos lentos, dificuldades de locomoção e cambalear;
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Braços e pernas rígidos e frios;
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Batimento cardíaco baixo;
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Respiração lenta;
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Desmaio ou perda de consciência.
Se identificar estes sintomas em si ou em alguém próximo, contacte imediatamente o 112. Enquanto aguarda a chegada do INEM, pode tomar as seguintes ações:
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Com cuidado, mova a pessoa afetada para um local mais quente, embrulhando-a num cobertor quente, em toalhas ou em casacos (até a proximidade de uma pessoa com temperatura corporal superior pode ser útil);
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Prepare uma bebida quente, evitando álcool e cafeína;
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Não esfregue os braços ou as mãos da pessoa afetada, não lhe dê banho e não utilize cobertores ou toalhas elétricas.
Nos centros de emergência, os profissionais de saúde podem utilizar um aparelho específico para medir temperaturas corporais baixas. O aquecimento pode ser feito de dentro para fora, com a administração de fluidos através de um procedimento intravenoso. A recuperação depende do tempo que o paciente esteve exposto ao frio e da sua condição geral de saúde.
Conclusão
O frio é uma ameaça particularmente séria para a população idosa, especialmente num país como Portugal, que tem uma das maiores taxas de mortalidade durante o inverno na União Europeia, devido à falta de isolamento térmico e aquecimento adequado nas casas. É crucial que tanto os cuidadores como os próprios idosos estejam conscientes dos riscos associados a temperaturas baixas e das medidas que podem ser tomadas para mitigar esses perigos.
Seguir alguns conselhos práticos sobre vestuário adequado, alimentação, aquecimento dos lares e monitorização do estado de saúde pode fazer toda a diferença na prevenção e no tratamento da hipotermia. É da responsabilidade de todos cuidar dos idosos, assegurando que se sintam protegidos e valorizados!
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