Se você for como a maior parte das pessoas sente frio de vez em quando, principalmente no inverno. Mas o que você pode não saber é que estar muito frio pode realmente provocar problemas de saúde.
Isto é ainda mais válido para a população idosa, que perde calor corporal de forma extremamente rápida; à medida a que envelhecemos, este processo torna-se cada vez mais depressa. As mudanças que ocorrem no nosso corpo com o envelhecimento podem até dificultar a identificação da sensação de frio, o que pode ser um problema grave.
Um resfriado pode tornar-se numa complicação de saúde antes que o idoso sequer se aperceba - é a chamada hipotermia. No contexto em que vivemos, de pandemia pela COVID-19, evitar idas ao hospital é ainda mais necessário. Leia este artigo e saiba como.
O que é a hipotermia?
Este é o processo em que a temperatura corporal atinge níveis muito baixos. Para os mais velhos, ter menos de 35o pode acarretar outras complicações como ataques cardíacos, danos ao nível do fígado e dos rins, entre outros.
Andar na rua nos dias mais gélidos, como aqueles que agora vivemos em que a neve e geada são bem visíveis, ou ter a casa excessivamente fria pode levar a episódios de hipotermia.
Mantenha sempre os idosos a seu cuidado longe de locais com baixas temperaturas e não deixe de prestar atenção ao termómetro. Assim poderá evitar entrar num estado de hipotermia.
Mantenha a casa quente
Viver num espaço frio pode causar este problema. Além de poder utilizar aquecedores, ar condicionado ou outros equipamentos de climatização, além de lareiras ou salamandras, usar roupas quentes é também muito importante.
Preste especial atenção aos seniores com problemas prévios de saúde. Feche bem as portas e tente minimizar ao máximo as correntes de ar frias que podem advir de brechas nas janelas. Tente manter uma temperatura constante entre os 200 e os 230.
Para os idosos que vivem sozinhos, pode ser uma dificuldade acrescida notar se está demasiado frio – tal como já referimos, a hipotermia pode surgir sem que a pessoa se aperceba, sentido apenas tonturas, sonolência ou alguma confusão mental.
Para evitar gastos de energia e manter o ambiente acolhedor, feche a porta de todas as divisões que não estiverem a ser usadas. Pode utilizar sacos de areia ou toalhas enroladas junto à soleira das portas para evitar a entrada de ar frio.
Certifique-se de que não está a perder calor através das janelas; para evitar essa situação, pode manter as cortinas e os estores sempre fechados.
O que vestir e o que comer
As roupas devem ser adequadas à época do ano em que estamos, por isso devem ser quentes, mesmo estando dentro de casa se estiver frio. Pode sempre usar cobertores ou mantas, meias e chinelos de inverno.
Durante o sono, os cuidados não devem ser descurados. É muito importante usar calças e camisolas de pijama compridas, meias de materiais quentes como lã, colocar mais cobertores ou lençóis mais quentes.
Comer de forma adequada também é de extrema relevância. Manter um peso saudável ajuda a manter uma temperatura corporal estável – devido à gordura, que ajuda o corpo a manter-se quente.
Beber bastante água e evitar as bebidas alcoólicas é a regra que se deve manter todo o ano e não apenas nos meses mais frios! O álcool pode até levar a uma diminuição da temperatura do corpo.
Se está numa situação de solidão ou conhece algum idoso que viva sozinho, é importante garantir que há sempre alguém disponível para se certificar de que está tudo bem. Peça ajuda a familiares, amigos, vizinhos ou até às autoridades – o Programa Apoio 65, da GNR, identifica idosos isolados e apoia-os.
Por último e muito importante: tenha muito cuidado com os aquecedores dentro de casa. Apesar de serem uma ótima ajuda, é muito importante desligar qualquer aparelho eletrónico ou a gás e apagar lareiras, braseiros ou salamandras antes de dormir – além de evitar curto-circuitos e potenciais incêndios, também se pode evitar intoxicações por monóxido de carbono.
Evite sair
Agora que nos aproximamos de um novo confinamento obrigatório, talvez ficar em casa seja mesmo a única opção. Ainda assim, caso tenha de sair por um motivo de força maior (veja aqui as exceções), escolha bem as horas ou os dias com menos vento e com a temperatura mais amena. Além disso, use gorro, luvas, cachecol, casaco e botas quentes. Fique na rua apenas o tempo necessário!
Veja também estas dicas:
- Use roupa por camadas (duas ou três camisolas e um casaco, meias-calças e calças por cima. Esta é a melhor forma de se manter quente, devido ao ar que circula entre as mesmas.
- Proteger a cabeça e o pescoço é o primeiro passo para manter a temperatura corporal.
- Se estiver a nevar ou a chover, use um casaco impermeável.
- Caso molhe a sua roupa, troque-a assim que possível por peças limpas e secas.
Doenças, medicamentos e o tempo mais frio
Algumas doenças associadas podem impedir que o corpo mantenha uma temperatura estável.
Distúrbios da tiroide, diabetes, Parkinson e artrite são alguns dos problemas que podem contribuir para isto, mas também a perda de memória – pois pode levar a que a pessoa saia para a rua sem a roupa adequada.
Fale sempre com o seu médico sobre estas e outras doenças, de modo a prevenir a hipotermia.
Tomar determinados medicamentos e não ter uma vida ativa também pode alterar a temperatura corporal. Fale sempre com o seu profissional de saúde antes de tomar qualquer medicamento!
Para ter a certeza, pode também perguntar-lhe acerca de:
- sinais de hipotermia, no seu caso ou da pessoa que tem a seu cuidado, a que se deve prestar atenção;
- doenças pré-existentes e toma de medicação que contribuam para uma baixa temperatura corporal;
- formas de manter uma atividade física mesmo quando está frio na rua.
Os sinais de alerta
Por vezes, torna-se difícil dizer se uma pessoa está efetivamente a sofrer de hipotermia. É por isso muito relevante procurar pistas que o consigam confirmar. A casa está demasiado fria? A pessoa está vestida de acordo com a estação mais fria do ano em Portugal? Nota que o falar está mais lento, até arrastado, ou que a pessoa está a ter dificuldade em manter-se equilibrada?
Pode fazer estas perguntas a si mesmo ou mesma e pedir ajuda a tempo! Não se esqueça que esta afeção pode causar confusão mental – daí a importância de se manter em contacto com amigos, familiares ou vizinhos.
Em regra, os primeiros sinais de hipotermia são:
- mãos e pés frios;
- cara inchada;
- palidez geral;
- tremores (mas não em todos os casos);
- falar arrastado ou mais lento que o normal;
- sonolência;
- sentimento de raiva ou confusão.
Sinais avançados:
- movimentos lentos, dificuldades de locomoção, cambalear;
- braços rígidos ou com espasmos, bem como nas pernas;
- batimento cardíaco baixo;
- respiração lenta;
- desmaios ou perda de consciência.
Ligue para o 112 se estiver ou estiver com alguém que apresente estes sinais!
Depois de telefonar, pode fazer o seguinte:
- Mova a pessoa com cuidado para um local mais quente.
- Embrulhe a pessoa num cobertor quente, toalhas ou casacos. Até a sua temperatura corporal é uma ajuda.
- Ofereça uma bebida quente à pessoa, mas evite álcool e a cafeína.
- Não esfregue os braços ou as mãos da pessoa!
- Não arrisque: não dê banho à pessoa em hipotermia.
- Não utilize cobertores ou toalhas elétricas.
- Ida às urgências e tratamento
Nos centros de emergência, os profissionais de saúde podem utilizar um aparelho específico para medir temperaturas corporais baixas. O aquecimento pode ser feito de dentro para fora, com a administração de fluidos através de um procedimento intravenoso. A recuperação depende de quanto tempo esteve o paciente exposto ao frio e a sua condição geral de saúde.
Apoios na conta da eletricidade
Há portugueses que podem beneficiar de ajuda na conta da eletricidade, devido ao estado de pandemia que vivemos. Consulte aqui a notícia sobre o apoio que o governo pode dar a cerca de seis milhões de portugueses e veja se é elegível.