Causam grande dor, aumentam a possibilidade de infeções, têm grande impacto na qualidade de vida e até podem conduzir à morte. As úlceras de pressão e feridas crónicas são já consideradas um problema de saúde pública, cuja prevenção e tratamento se revelam fundamentais para um maior bem estar dos doentes.
Também chamadas de escaras, chagas ou úlceras de decúbito, estas feridas aparecem quando é exercida uma pressão constante do corpo sobre uma superfície. Tal impede a normal circulação do sangue, que posteriormente leva à morte dos tecidos e ao surgimento da ferida.
Em termos de instituições prestadoras de cuidados de saúde, a nível público, já estão a ser implementados procedimentos e protocolos para “identificar, investigar e atuar com prontidão para reduzir a frequência e a severidade” deste problema, diz a Direção Geral de Saúde.
Mas em casa, quando o doente está a cargo de um familiar ou cuidador, prevenir e adaptar o espaço ou aparelhos é a melhor forma de atuação, como vamos ver mais à frente.
Quem pode sofrer deste problema?
Com origem em fatores externos ou próprios do doente, as úlceras são mais frequentes nos seguintes casos:
- Idade avançada;
- Magreza exagerada;
- Doentes imobilizados;
- Doentes com diminuição da sensibilidade;
- Doentes com incontinência, devido ao contacto da urina e das fezes com a pele, que provoca lesões;
- Doentes com baixo nível de consciência, pelo facto de ter dificuldade em se posicionar corretamente;
- Medicação para dormir, entre outras;
- Estado geral de saúde, doenças cardíacas, respiratórias e diabetes, entre outras.
As zonas mais comuns e de risco são todas em que haja proeminência de ossos, ou seja, partes do esqueleto humano onde existe pouco tecido por baixo da pele e zona óssea mais saliente. Estes locais devem ser atentamente vigiados, tendo em conta a posição em que o doente normalmente se encontra.
Quando a pessoa está deitada, há um maior risco para a nuca, omoplatas, cotovelos, região sacro coccígea e calcanhares; quando a pessoa está de lado, esse perigo incide na orelha, no ombro, nas costelas, no cotovelo, trocânter, no joelho da face externa, maléolo e região lateral do pé; e, por fim, quando a pessoa está sentada há maior incidência nas omoplatas, na região sagrada, região isquiática e calcanhares.
Além de hábitos saudáveis de alimentação, de limpeza frequente da roupa da cama e de estimulação de exercícios, há outras formas de ajudar o doente que sofre deste problema. A mudança de posição, durante o dia, é fundamental.
Adaptar o espaço em casa
Atualmente, existem vários dispositivos de alívio de pressão que ajudam a prevenir ou a oferecer um maior conforto a quem sofre destas úlceras:
- Almofadas - são uma das principais escolhas a fazer para os familiares ou cuidadores. Normalmente, têm gel no interior, o que proporciona mais frescura ao doente. As viscoelásticas moldam-se ao corpo do paciente, aumentando os pontos de contacto e reduzindo os valores máximos de pressão.
- Almofadas para cadeiras de rodas - adaptadas para cadeiras de rodas, há almofadas com uma mistura entre gel e viscoelasticidade que ajudam a aliviar a pressão. São recomendadas quando há um risco alto ou muito alto do desenvolvimento de escaras.
- Poltronas - para os doentes que estão muito tempo sentados em cadeirões, a utilização de um resguardo é importante para prevenir escaras e até hemorroides, bem como facilitar o pós-operatório.
- Colchões viscoelásticos - este material recupera a forma original após a sua utilização e, devido aos materiais utilizados, a pressão exercida sobre a pele é reduzida e nota-se uma diminuição das dores do doente.
- Colchões de pressão alternada - promovendo o movimento alternado da pressão, com insuflação e desinflação cíclica das células, estes colchões permitem uma distribuição homogénea da pressão em decúbito. Minimizam os picos de pressão e protegem as zonas de risco.
- Calcanheira e cotoveleira - este é um dos produtos mais económicos de prevenir úlceras nos calcanhares ou cotovelos em pacientes acamados. De colocação rápida e feitos com materiais suaves, reduzem o risco de aparecimento de feridas.
- Almofada de ferradura - para prevenir úlceras no cóccix, as almofadas com forma de ferradura são o ideal. Este tipo de ferimento costuma surgir em doentes que passam longos períodos de tempo sentados em cadeirões ou cadeiras de rodas. O conforto é imediato e o alívio da pressão sente-se de forma elevada. A postura corporal também sai favorecida e há ainda absorção de impacto.
- Cremes de proteção de pele - manter a pele sempre limpa e fresca é um passo fundamental para cuidar ou prevenir este problema de saúde. Existem cremes específicos que promovem um melhor estado geral da pele, protegendo-a de produtos nocivos ou de agressões externas.
Assim, os cuidadores devem estar muito atentos a todos os sinais – as úlceras de pressão provocam dor e, muitas vezes, os doentes têm dificuldade em expressar-se. A comunicação não verbal é muito importante, bem como a posição corporal e o comportamento geral do paciente.
Os médicos e enfermeiros são fundamentais para poderem avaliar o estado do doente e, em casos necessários, podem prescrever medicação para as dores.